UFC - Universidade Federal do
Ceará
Instituto UFC Virtual
Pró-Reitoria de Pós-Graduação
Coordenadoria de Pesquisa, Informação e Comunicação de Dados
Divisão de Planejamento e Ensino
Curso: CFCT - Curso de Formação Continuada de Tutores Turma 2012/2
Turma: T-21 - MEC/SECADI - Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
Aula 03 - Atividades Portfólio e Chat - Análise dos 5 Pilares de Paulo Freire para a Comunicação
Coordenação - Dra. Raquel Santiago Freire
Professor Formador: Fernando Antonio de Castelo Branco e Ramos
Cursista: Thiago Roniere Rebouças Tavares
Data: 04.11.2012
Instituto UFC Virtual
Pró-Reitoria de Pós-Graduação
Coordenadoria de Pesquisa, Informação e Comunicação de Dados
Divisão de Planejamento e Ensino
Curso: CFCT - Curso de Formação Continuada de Tutores Turma 2012/2
Turma: T-21 - MEC/SECADI - Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
Aula 03 - Atividades Portfólio e Chat - Análise dos 5 Pilares de Paulo Freire para a Comunicação
Coordenação - Dra. Raquel Santiago Freire
Professor Formador: Fernando Antonio de Castelo Branco e Ramos
Cursista: Thiago Roniere Rebouças Tavares
Data: 04.11.2012
Pautada
na conscientização dos homens, com o objetivo de construir uma sociedade justa
e igualitária, o Educador Paulo Freire, constituiu um arcabouço teórico e
prático que ultrapassa qualquer barreira existente nas diferentes modalidades
de ensino. Dentre as suas obras, a Pedagogia
do Oprimido, se sobressaia por trazer concepções críticas ao modelo
educacional, denominado pelo autor de ‘educação
bancária’, assim como ‘novos’ pressupostos para educação, até o momento,
não visíveis ou aplicados no processo de ensino aprendizagem.
Os
pressupostos Amor, Humildade, Fé nos
Homens, Esperança e Pensar Crítico, fundamentam o que o Educador chamou de Dialogicidade, ou melhor explicado como
sendo o diálogo fraternal que busca pronunciar o mundo, transformá-lo,
compreendendo que fazemos parte deste, ancorado na educação. Nesta lógica, o
diálogo é palavra viva, ou como melhor conceitua Paulo Freire, é práxis. Esta
se caracteriza por não se resumir ao plano teórico, mas a sua ação na
realidade. O Diálogo, nestes termos, é um critério para intervenção no mundo,
na realidade, na postura e na relação que os homens constroem entre si. O
processo educacional, desta forma, é diálogo entre sujeitos.
Diferente
da concepção bancaria de educação em
que o professor é visto como detentor do saber pleno e o aluno um receptáculo
de informações (FREIRE, 2005), o diálogo no processo educacional estabelece a
igualdade nas relações entre educando e educador, em que o saber é construído
enquanto processo coletivo, e não individualizado. Dito de outra forma, não há
ignorância no outro, e nem eu, professor/tutor/educador, devo me impor,
acreditanto ser o guardião da verdade ou um ser super iluminado. No diálogo
entre iguais, se possibilita o despertar do que há de mais criativo no outro, para
isto necessitamos se entregar honestamente na prática educativa, com
consciência e humildade.
Na
modalidade do Ensino a Distância o
diálogo deve prevalecer sempre, e as diferenças espaciais e temporais não podem
apresentar-se como barreiras para esta prática. Pelas especificidades próprias
da EaD, o diálogo entre tutor e cursista pode tomar varias formas devido as
diferentes mídias existentes. O chat, a mensagem, os fóruns, o telefone, dentre
outros, são meios de se manter o diálogo solidário e fraterno, esclarecendo
dúvidas e construindo o saber. No entanto, acreditamos que dificilmente estes
meios serão eficazes se o tutor não demonstrar o mínimo de disponibilidade,
sensibilidade e cordialidade com os cursistas.
A
sensibilidade e a cordialidade devem fazer parte da rotina do tutor para compreensão
das mais distintas situações. A meu ver, esta é uma das formas capazes de se
aplicar a dialogicidade defendida por Paulo Freire. Assim, os pressupostos da
dialogicidade contribuem para: i) mitigar o número de alunos evadidos, pois o
tutor consegue fazer com que o aluno sinta-se a vontade para esclarecer suas
dificuldades de acesso – Fé nos Homens;
ii) proporcionar confiança ao cursista e melhorar seu desempenho, pois o tutor
demonstra que ele também pode errar, e nem tudo na vida são acertos – Humildade; iii) não ficar
estático/parado esperando o conhecimento dado, mas construí-lo no cotidiano – Esperança; iv) não haver submissão entre
os sujeitos, educando e educador, o saber construído é fonte de liberdade e não
de prisão, este saber pode levar ambos, a abraçarem vôos mais altos no processo
educacional, na busca de novos temas, novas ciências, dentre outras dimensões
do saber – Amor; v) que o conhecimento
deve servir a melhora da vida humana, contribuindo para o aperfeiçoamento das
relações entre o homem e o mundo – Pensar
Crítico.
No
decorrer do curso de Educação ambiental, o qual fui tutor no pólo de Beberibe-Ce,
tive a oportunidade de aplicar alguns dos pressupostos freirianos para construção
de um processo de ensino-aprendizagem que pudesse se aproximar da proposta da
dialogicidade. Dentre as varias situações, uma das mais interessantes,
aconteceu pelo “resgate” de três alunas que até a terceira aula do curso, mal
tinham acessado o Solar. Ao notar a ausência das alunas nas atividades, busquei,
primeiro, fazer contato por email. Ao não conseguir retorno, tentei ligar. Pelo
telefone consegui falar pessoalmente com as alunas. Duas delas disseram que
estavam com problemas pessoais e que por ter perdido o início do curso, achavam
que não poderiam acompanhar a turma, pois não teriam condições de serem aprovadas.
A terceira cursista, além dos problemas pessoais disse que ainda precisaria de duas
semanas, 15 dias, para iniciar e se dedicar as aulas, mas não sabia se valia a pena,
pois estava muito atrasada. Ao saber da situação das alunas, busquei junto ao
coordenador do curso, uma forma de recuperar. O coordenador me informou que
essa situação seria revertida, pois no final do curso, o acesso as aulas iniciais,
seria liberada por um mês, para que todos os alunos em situação semelhante pudessem
rever as aulas e consequentemente as atividades perdidas. Desta forma, as
alunas puderam continuar com o curso a distância, recuperando o tempo perdido.
Duas destas alunas realizaram projetos de intervenção belíssimos em suas
escolas, inclusive sendo reconhecido pela secretaria de educação do município.
Na
situação vivenciada, pode-se perceber não só quanto o contato com as alunas foi
necessário, mas também a busca de soluções, por parte do tutor, que motivassem
as alunas a continuar no curso, mesmo iniciando tardiamente. Por fim,
acreditamos que a prática pedagógica do tutor a distância, deve ser albergada
pela teoria freiriana em seu sentido mais largo, não desistindo de acreditar na
capacidade criativa e da participação dos alunos, estejam eles distantes ou
não. A Ead é uma modalidade educacional e a educação, seja ela presencial ou
não, deve transformar a vida e o mundo, na sua maneira inquebrantável de
existir.