domingo, 4 de novembro de 2012

Aula 03 - Atividades Portfólio e Chat - Análise dos 5 Pilares de Paulo Freire para a Comunicação


UFC - Universidade Federal do Ceará 
Instituto UFC Virtual 
Pró-Reitoria de Pós-Graduação 
Coordenadoria de Pesquisa, Informação e Comunicação de Dados 
Divisão de Planejamento e Ensino 
Curso: CFCT - Curso de Formação Continuada de Tutores Turma 2012/2 
Turma: T-21 - MEC/SECADI - Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão 
Aula 03 - Atividades Portfólio e Chat - Análise dos 5 Pilares de Paulo Freire para a Comunicação 
Coordenação - Dra. Raquel Santiago Freire 
Professor Formador: Fernando Antonio de Castelo Branco e Ramos 
Cursista: Thiago Roniere Rebouças Tavares 
Data: 04.11.2012

Pautada na conscientização dos homens, com o objetivo de construir uma sociedade justa e igualitária, o Educador Paulo Freire, constituiu um arcabouço teórico e prático que ultrapassa qualquer barreira existente nas diferentes modalidades de ensino. Dentre as suas obras, a Pedagogia do Oprimido, se sobressaia por trazer concepções críticas ao modelo educacional, denominado pelo autor de ‘educação bancária’, assim como ‘novos’ pressupostos para educação, até o momento, não visíveis ou aplicados no processo de ensino aprendizagem.
Os pressupostos Amor, Humildade, Fé nos Homens, Esperança e Pensar Crítico, fundamentam o que o Educador chamou de Dialogicidade, ou melhor explicado como sendo o diálogo fraternal que busca pronunciar o mundo, transformá-lo, compreendendo que fazemos parte deste, ancorado na educação. Nesta lógica, o diálogo é palavra viva, ou como melhor conceitua Paulo Freire, é práxis. Esta se caracteriza por não se resumir ao plano teórico, mas a sua ação na realidade. O Diálogo, nestes termos, é um critério para intervenção no mundo, na realidade, na postura e na relação que os homens constroem entre si. O processo educacional, desta forma, é diálogo entre sujeitos.
Diferente da concepção bancaria de educação em que o professor é visto como detentor do saber pleno e o aluno um receptáculo de informações (FREIRE, 2005), o diálogo no processo educacional estabelece a igualdade nas relações entre educando e educador, em que o saber é construído enquanto processo coletivo, e não individualizado. Dito de outra forma, não há ignorância no outro, e nem eu, professor/tutor/educador, devo me impor, acreditanto ser o guardião da verdade ou um ser super iluminado. No diálogo entre iguais, se possibilita o despertar do que há de mais criativo no outro, para isto necessitamos se entregar honestamente na prática educativa, com consciência e humildade.
Na modalidade do Ensino a Distância o diálogo deve prevalecer sempre, e as diferenças espaciais e temporais não podem apresentar-se como barreiras para esta prática. Pelas especificidades próprias da EaD, o diálogo entre tutor e cursista pode tomar varias formas devido as diferentes mídias existentes. O chat, a mensagem, os fóruns, o telefone, dentre outros, são meios de se manter o diálogo solidário e fraterno, esclarecendo dúvidas e construindo o saber. No entanto, acreditamos que dificilmente estes meios serão eficazes se o tutor não demonstrar o mínimo de disponibilidade, sensibilidade e cordialidade com os cursistas.
A sensibilidade e a cordialidade devem fazer parte da rotina do tutor para compreensão das mais distintas situações. A meu ver, esta é uma das formas capazes de se aplicar a dialogicidade defendida por Paulo Freire. Assim, os pressupostos da dialogicidade contribuem para: i) mitigar o número de alunos evadidos, pois o tutor consegue fazer com que o aluno sinta-se a vontade para esclarecer suas dificuldades de acesso – Fé nos Homens; ii) proporcionar confiança ao cursista e melhorar seu desempenho, pois o tutor demonstra que ele também pode errar, e nem tudo na vida são acertos – Humildade; iii) não ficar estático/parado esperando o conhecimento dado, mas construí-lo no cotidiano – Esperança; iv) não haver submissão entre os sujeitos, educando e educador, o saber construído é fonte de liberdade e não de prisão, este saber pode levar ambos, a abraçarem vôos mais altos no processo educacional, na busca de novos temas, novas ciências, dentre outras dimensões do saber – Amor; v) que o conhecimento deve servir a melhora da vida humana, contribuindo para o aperfeiçoamento das relações entre o homem e o mundo – Pensar Crítico.
No decorrer do curso de Educação ambiental, o qual fui tutor no pólo de Beberibe-Ce, tive a oportunidade de aplicar alguns dos pressupostos freirianos para construção de um processo de ensino-aprendizagem que pudesse se aproximar da proposta da dialogicidade. Dentre as varias situações, uma das mais interessantes, aconteceu pelo “resgate” de três alunas que até a terceira aula do curso, mal tinham acessado o Solar. Ao notar a ausência das alunas nas atividades, busquei, primeiro, fazer contato por email. Ao não conseguir retorno, tentei ligar. Pelo telefone consegui falar pessoalmente com as alunas. Duas delas disseram que estavam com problemas pessoais e que por ter perdido o início do curso, achavam que não poderiam acompanhar a turma, pois não teriam condições de serem aprovadas. A terceira cursista, além dos problemas pessoais disse que ainda precisaria de duas semanas, 15 dias, para iniciar e se dedicar as aulas, mas não sabia se valia a pena, pois estava muito atrasada. Ao saber da situação das alunas, busquei junto ao coordenador do curso, uma forma de recuperar. O coordenador me informou que essa situação seria revertida, pois no final do curso, o acesso as aulas iniciais, seria liberada por um mês, para que todos os alunos em situação semelhante pudessem rever as aulas e consequentemente as atividades perdidas. Desta forma, as alunas puderam continuar com o curso a distância, recuperando o tempo perdido. Duas destas alunas realizaram projetos de intervenção belíssimos em suas escolas, inclusive sendo reconhecido pela secretaria de educação do município.
Na situação vivenciada, pode-se perceber não só quanto o contato com as alunas foi necessário, mas também a busca de soluções, por parte do tutor, que motivassem as alunas a continuar no curso, mesmo iniciando tardiamente. Por fim, acreditamos que a prática pedagógica do tutor a distância, deve ser albergada pela teoria freiriana em seu sentido mais largo, não desistindo de acreditar na capacidade criativa e da participação dos alunos, estejam eles distantes ou não. A Ead é uma modalidade educacional e a educação, seja ela presencial ou não, deve transformar a vida e o mundo, na sua maneira inquebrantável de existir.